Versos de cozinha
De noitinha e eu sozinha
E com tempo pra inventar
Uns versinhos de cozinha
Pra você vou preparar...
Mas não chame de abobrinha
Nem me chame de vulgar
Não me freie, solte a linha
E me deixe divagar...
Logo, logo saberás
Como voo, fico alheia
Ao que, no mundo, voraz
Engole a paz, nos chateia...
Como posso me ausentar
Escondendo-me no tempo
Como posso me tornar
Tão ligeira quanto o vento?
Como posso viajar
Por teu corpo sem limite?
Como posso bagunçar
Teu cabelo, me permite?
"Como pode um peixe vivo
Viver fora da água fria?" ( Canto infantil em brincadeiras de roda, que não saiu da lembrança)
Como posso de improviso
Te dizer o que faria?
Como posso me explicar
Ou deixar que alegoria
Consiga me retratar
Se não caibo na esquadria?
Ai, ai, ai, que mais um dia
Já aponta na janela
Se me perco em fantasia
Culpo só tua tutela.