A PROMESSA*
Uma mulher, pra outra, vida foi viajar...
Antes, ameaçou o marido e o fez jurar,
Uma nova esposa nunca mais arranjar
Sob pena de voltar pra lhe, atazanar...
O homem cumprir a palavra, tentou,
Mas logo por uma garota se apaixonou...
E o tal espírito como prometeu, voltou...
Dele tudo sabia e ele nada lhe contou...
Vivia assustado, a imagem o acusava,
Tudo sabia, seus segredos adivinhava...
Foi ao padre falar o que o martirizava,
Este, sábio, o aconselhou como ansiava...
Logo pegou um punhado de feijão,
Falou pro fantasma, mostrando a mão,
Diz-me então aqui tem quantos grãos?
E o fantasma, como ele, sabia não...
Depois disso, a alma penada sumiu...
E assim o coitado, aliviado, descobriu
Que não era real, o que nunca existiu...
Assim, casar-se finalmente decidiu.
Excerto do Poema "A PROMESSA"
Comentário: Para Descartes, era tão importante compreender o real que escreveu o Cogito com um pé na fogueira e outro fora. Arriscou-se, em plena Inquisição, e se impôs como fundante da realidade moderna, colocando a psique (alma) no campo da metafísica e a natureza no campo da ciência. Sutilmente deu um “chega pra lá” no sagrado, que dominava o pensamento na época. A partir daí, a ciência já não ameaça mais a escolástica e segue seu próprio caminho. O grande lance é que o ser, deste pensador, é pensante, mas não é psicológico. Por isso ele funda o Método, para bem conduzir a razão. E no Cogito, explica , chega ao homem racional. A certeza da razão vem das idéias claras e distintas, que por sua vez leva a certeza da dúvida, ( posso duvidar de tudo, mesmo assim, posso ter certeza da minha possibilidade de duvidar) que conduz a primeira verdade “Penso logo, existo.” Nessa ótica, o conhecimento do real está no ceticismo e não na fé... Duvide para conhecer, duvide sempre... Nossa personagem recorre ao artifício matemático, para duvidar de suas idéias, e assim consegue ver nova realidade, realça portanto a importância da dúvida no artificio do conhecimento.
Ibernise.
Indiara (GO), 25.11.2006.
* Núcleo Temático Filosófico.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.
Uma mulher, pra outra, vida foi viajar...
Antes, ameaçou o marido e o fez jurar,
Uma nova esposa nunca mais arranjar
Sob pena de voltar pra lhe, atazanar...
O homem cumprir a palavra, tentou,
Mas logo por uma garota se apaixonou...
E o tal espírito como prometeu, voltou...
Dele tudo sabia e ele nada lhe contou...
Vivia assustado, a imagem o acusava,
Tudo sabia, seus segredos adivinhava...
Foi ao padre falar o que o martirizava,
Este, sábio, o aconselhou como ansiava...
Logo pegou um punhado de feijão,
Falou pro fantasma, mostrando a mão,
Diz-me então aqui tem quantos grãos?
E o fantasma, como ele, sabia não...
Depois disso, a alma penada sumiu...
E assim o coitado, aliviado, descobriu
Que não era real, o que nunca existiu...
Assim, casar-se finalmente decidiu.
Excerto do Poema "A PROMESSA"
Comentário: Para Descartes, era tão importante compreender o real que escreveu o Cogito com um pé na fogueira e outro fora. Arriscou-se, em plena Inquisição, e se impôs como fundante da realidade moderna, colocando a psique (alma) no campo da metafísica e a natureza no campo da ciência. Sutilmente deu um “chega pra lá” no sagrado, que dominava o pensamento na época. A partir daí, a ciência já não ameaça mais a escolástica e segue seu próprio caminho. O grande lance é que o ser, deste pensador, é pensante, mas não é psicológico. Por isso ele funda o Método, para bem conduzir a razão. E no Cogito, explica , chega ao homem racional. A certeza da razão vem das idéias claras e distintas, que por sua vez leva a certeza da dúvida, ( posso duvidar de tudo, mesmo assim, posso ter certeza da minha possibilidade de duvidar) que conduz a primeira verdade “Penso logo, existo.” Nessa ótica, o conhecimento do real está no ceticismo e não na fé... Duvide para conhecer, duvide sempre... Nossa personagem recorre ao artifício matemático, para duvidar de suas idéias, e assim consegue ver nova realidade, realça portanto a importância da dúvida no artificio do conhecimento.
Ibernise.
Indiara (GO), 25.11.2006.
* Núcleo Temático Filosófico.
Direitos autorais reservados/Lei n. 9.610 de 19.02.1998.