ENTRE A PIA E O FOGÃO
Domingo lindo, corpo mole, sol a pino,
Espreguiço-me no leito, sonolenta...
O relógio acusa “onze e cinco”.
- “Meu Deus, é já que a visita chega!”
Corro à cozinha, ainda de camisola,
Lavo o arroz, ponho alho na caçarola,
Pico tomate, cebolinha, manjericão...
- “Maria, põe mais água no feijão!”
Carne assada, macarronada, batata frita,
Boa salada: muita verdura, um fio de azeite.
Suco de uva pra criançada ficar contente...
- “Tudo pronto? Serve um shoppinho pra gente!?”
A visita chega, muita alegria, muita folia,
E nesse embalo desenfreado se esvai o dia.
O sol se foi, a visita também, casa vazia...
Faço um café, estou quase dormindo em pé!
Que dia cheio, que corre-corre, que confusão!
Parece até que dirigi na contramão!
Sorvo um gole e me dou conta, de sopetão,
Que sem notar, passei o dia entre a pia e o fogão!