Valente

Sentou-se na cadeira a minha frente.

Estava calmo - aparentemente.

Foquei com cuidado a minha lente.

Ele sabia, estava ciente.

Era um caso sério, urgente e, eu,

um profissional competente.

E então, de repente,

foi ficando branco, transparente,

expressão de medo latente,

de pavor, evidente.

Reclamou do ar inexistente.

Saiu, assim, abruptadamente,

de pensamento ausente

-nem notou o pé dormente.

Abriu a porta a sua frente.

Os carros passavam rente

-quase causa um acidente.

E assim meu paciente,

num ato inconsequente,

num repente,

não deixou

que eu

lhe extraísse um dente!

monique higgins
Enviado por monique higgins em 17/03/2012
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