Do fim de tarde ao amanhecer....
Todo dia é fim de tarde
Como se o dia começasse no fim,
Quando o expediente se encerra,
E o alvorecer vem até mim,
Meu rumo agora é feliz,
Com as horas do entardecer,
Passo na pequena padaria,
E o pão e leite pra eu comer.
“Mas são para o amanhecer”,
Informo à bela atendente,
“Pra não ter que levantar cedo”,
“E um sonho a mais poder viver”.
Relembro a mesma atendente,
Com toda a sua timidez,
De calça jeans e sem decote,
Me atendia sempre com rispidez.
Mas o tempo e a casualidade,
Sempre são para ajudar,
No dia em que um sorriso ganhei,
A noite um sonho podia esperar.
Daquela boca pude ouvir,
Que beijo bom é beijo roubado
Tornei-me assim seu algoz
Depois do beijo, mais um sorriso conquistado.
Voltando à terceira estrofe,
Num árduo dia de serão,
Em que o alvorecer não pode me esperar,
Triste, sem o sorriso e sem pão.
Ao menos um sonho esperava,
Mas nada aconteceu,
A madrugada já terminava,
Desolado, com sono e a fome apareceu.
Faltava tempo para sair,
Mas muito cedo pra campainha tocar,
Meu dia de repente clareou,
A atendente meu pão veio entregar.
A manhã se iniciava,
E agora em boa companhia
O café da manhã ficou pra depois,
Enquanto aquele corpo se despia.
Pode até ter sido pra compensar o serão,
Daquela cama não arredei,
Na melhor manhã da minha vida,
E pra sempre a atendente amarei.