O PECADO DO SEU BONDOSO
Eu vou lhe contar um causo
que aconteceu no sertão:
De minha gente sofrida
Que ama tanto esse chão
A estória do seu Bondoso
Cabra valente e ricaço
Que tinha quatro mulheres
Ele era o rei do cangaço
Mestre na pega do bode
Homem de dura cerviz
Nunca faltava uma missa
Devoto de são Francisco de Assis
Tinha um filho magricela
Calado e desengonçado
Seu pai dizia consigo
Que esse menino fora trocado.
Julhinho já era rapaz
Quando seu pai começou:
Onde estão tuas namoradas?
O filho do Zeca já casou!
Julhinho pobre inocente
Nascera tão vergonhoso
E ter um pai tão valente
Que lhe deixava nervoso
Mas foi num dia de missa
O padre tinha gripado
Bondoso voltou pra casa
E quase morre assustado
Quando ele entrou em casa
E viu julhinho dançando
Agarrado com outro homem
O ódio foi lhe tomando
Bondoso arrasta seu filho
Puxando pelos cabelos
“Tire a roupa sem vergonha
E corra lá pro banheiro”.
Foi no instante apenas
O pobre Julhinho chorou
Cortado a fio de navalha
Sua genitália o pai tirou
Julhinho justificava
“Meu pai não era isso não
Estava só ensaiando
Pra mim dançar um baião
Com uma moça bonita
Que me chamou pra dançar
Falou que tinha certeza
Que eu era bom pra casar”
E assim Julhinho chorava
Não tinha consolação
Sonhara com tantas coisas
Agora tudo era em vão
Seu pai valente rezava
De joelho e pés no chão
Lembrando quando era moço
Ensaiando a mesma canção
Dançando com outro jovem
Xaxado, xote e baião.
* Lendo todo o poema, você pode me responder qual foi o pecado do seu Bondoso? Deixe a sua opinião.
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