Godofredo - Apologia ao Trabalho!
Garotinho, venha aqui, seu macaquinho!
É a cara do seu pai, quer vender o seu “saquinho”?
Eu lhe dou um bom dinheiro, dizia o fazendeiro:
Eu estou necessitando, pois o meu está falhando,
é um favor que me faria, me vendendo ou doando!
Dinheiro, sempre dele precisava, pra comprar alguma coisa,
Mas ficar sem minha “cousa”, era demais, não topava.
Godofredo pertencia, família de escravocratas, nos tratava muito bem,
Porém conservava em mente, que podia comprar gente,
seus órgãos para transplante, ou quebrar todos os dentes!
Naquele tempo passado, nem coração transplantado havia,
agora, trocar testículo, doutor nenhum ousaria,
mesmo com todo o dinheiro, nem mesmo no estrangeiro,
muito rico fazendeiro, tal coisa conseguiria!
Veja lá Seu Godofredo, homem brincalhão, debochado,
esta proposta indecente, não deixa ninguém contente!
Se tivesse consentido, quebraria o seu galho,
ficaria num atalho sem saída, procurando na avenida,
órgão pra reimplantar, sem nada disso encontrar!
Sobre este fazendeiro, pecuarista lá daquela região,
corria um certo boato, se de fato verdadeiro, faltava comprovação.
Tinha parte com o “demo”, e por isso muito rico, diziam todos ali.
Prefiro acreditar: gostava de trabalhar, por isso a sua riqueza.
Era exemplo de trabalho, já velho “agüentava malho”,
e muito pouco dormia. No Triângulo, anoitecia, em são Paulo amanhecia!
Foi o mesmo que um dia dei pra ele a notícia:- Sabe que morreu Getúlio?
Respondeu:-Sei, já morreu tarde demais, vá se embora meu rapaz!
Reação inesperada, pra um menino de dez anos, que tinha sua razão,
a razão era política, situação era critica com a morte do Presidente,
que antes interferira no mercado do zebu. Vendido a preço de ouro,
que tesouro se detinha, mesmo quem um boi só, tinha, guardado dentro de casa.
O bom gaúcho, então, um ditador de “primeira”, estipulou que boi valia no matadouro, o valor de qualquer boi, por seu peso calculado. Daí então a revolta desse nosso bom amigo, que me deu muitas “beiradas”, que era o mesmo que “caronas”,
no seu carro importado, mas que um dia me afrontou com as suas brincadeiras.
Eu fiquei muito zangado!