Meu vestido de domingo
Hoje, resolvi sorrir para a vida...
Vou sair desse quarto cinzento
Onde há tanto tempo me encerrei.
Abri as janelas para ver o sol entrar,
E de repente, descobri que há flores lá fora,
Mesmo que não tenha sido eu a plantar.
Senti o perfume do domingo que mal começa,
Com barulho de crianças no parque,
Cheiro de pipoca na esquina,
Ausência do trânsito louco dos outros dias.
Abri a porta do armário
E já havia decidido:
Hoje vou me vestir de vermelho,
Soltar os cabelos nos ombros
E pintar os lábios com batom.
Mas quando me olhei no espelho,
Quem eu vi não era eu,
Não me encontrei no vestido,
Nem parecia ser meu.
Lentamente, remexi outros cabides,
Há tanto tempo esquecidos.
Então minhas mãos, que sabiam,
Buscaram devagarinho,
Aquele que mais combinava,
Com tudo o que eu sempre sentia.
Então saí para o mundo,
Com um sorriso pálido nos lábios
E o meu vestido pretinho.