Vá embora
Tu te aproveitas-te de mim
E dos meus sentimentos mais puros
Da forma mais sincera de amar-te.
Entreguei-me, como só me entrego a arte.
Fiz planos, construí castelos,
Apostei no projeto mais belo
De sermos um só, uma única alma.
Tu te aproveitas-te de mim
E feito ourives, foste deixando cicatrizes
Em cada filigrana do meu corpo.
Louco, caí na tua armadilha,
Feito migalha, feito perdida matilha.
Não sabes que sou um homem marcado
Um animal selvagem quando me tiram do sério.
Não conheces o meu avesso
Sou terrivelmente cruel quando quero.
Sinto o momento do desenlace, do desencontro
Vou arrancar os panos do meu manto
E verás a minha crueldade fiel em ação.
Vou ser frio quando me ligares
Vou te negar quando me implorares
E te fazer sentir o peso do meu desprezo.
E o quanto eu me amo, o quanto eu me adoro
O quanto sou belo por dentro e por fora.
Não se arraste aos meus pés,
Vá embora.