PEIXE PASSAGEIRO
Este fato aconteceu e não foi no tempo antigo,
foi há alguns anos atrás e por azar foi comigo.
Sem morto por testemunha, quem não me deixa mentir
é o meu amigo Rogério que quase morreu de rir.
E então sem mais delongas passo a contar o que segue:
Este fato inusitado aconteceu em Porto Alegre.
Numa sexta-feira santa de feriado nacional,
fui “pescar” uma corvina no mercado municipal.
Na banca era um gritedo que mal se podia escutar
Gritei também pro vendedor: - esta grande vou levar
Meu amigo metido a entendido me olhou desconfiado
Disse: - este tem muito espinho, o melhor é fazer assado
Paguei e peguei o saco com o peixe e uns temperos,
ainda passamos no bar para um gole bem ligeiro.
Atravessamos a avenida eu e meu camarada,
à espera do ônibus nos postamos na parada.
Quando o coletivo encostou e eu embarquei primeiro,
com o peixe ensacado seguido do meu parceiro
Talvez por ser feriado, o chofer mal humorado,
no arrancar de supetão no chão me deixou sentado
Fiquei mais contrariado que gato atado à cintura,
e ainda meu companheiro grita bem alto: - segura!
Aquilo já foi bastante pro povo olhar pra roleta.
E enquanto me equilibrava o ônibus fazia gambeta.
Tirei um amassado do bolso e fiquei esperando o troco
Nesta hora maldita o motorista freia de soco.
Me fui de encontro à roleta me agarrei no cobrador.
O que sucedeu depois foi um fiasco, meu senhor.
O peixe saltou do saco e deslizou no corredor,
passou por todo mundo e foi parar lá no motor.
Alguém rindo ainda gritou só por sacanagem;
- olha aí seu cobrador este não pagou passagem
Só tinha gente nos bancos o corredor tava vazio.
Corri pra pegar o peixe que estava escorregadio
Depois de ensacar o bicho ainda escutava risada,
do companheiro lá atrás virado em gargalhada.
Fiquei sem clima, parceiro, pra continuar a viagem,
então decidi apear levando a minha bagagem.
Descemos eu e o Rogério e foi aquela gritaria;
- diz lá pra patroa que este veio sujo da pescaria!