O VASO

Mimoso vaso, alvo, perfumado,

Tantas vezes dos homens esquecido,

A ti quero cantar, irmão querido,

Neste soneto parco e remendado.

Aqui venho adubar teu negro fado,

Regar-te a porcelana, decidido;

E qual flechas de amoroso cupido

Vou fincando barro meu em teu aguado.

É tempo de ir. Confiro o volume...

Meu Deus! Que fartura, que abastança!

Quanto estrume escondia essa pança!

Isso que dá comer tanto legume!

Dou a descarga e tudo gira, lembrando

Esse poema que escrevi cagando.

José Martino
Enviado por José Martino em 31/12/2006
Código do texto: T332898
Classificação de conteúdo: seguro