O VASO
Mimoso vaso, alvo, perfumado,
Tantas vezes dos homens esquecido,
A ti quero cantar, irmão querido,
Neste soneto parco e remendado.
Aqui venho adubar teu negro fado,
Regar-te a porcelana, decidido;
E qual flechas de amoroso cupido
Vou fincando barro meu em teu aguado.
É tempo de ir. Confiro o volume...
Meu Deus! Que fartura, que abastança!
Quanto estrume escondia essa pança!
Isso que dá comer tanto legume!
Dou a descarga e tudo gira, lembrando
Esse poema que escrevi cagando.