Quem dá mais?
Eu sou pobre, pobre, pobre
Falta-me tudo e dindim
Que já vou passar no cobre
Meu coração e meu rim.
Como viver sem dinheiro
Com tanta oferta na praça
Sem trabalho, o dia, inteiro
Vendo o sol virar fumaça?
O negócio é negociar
Vender até a ilusão
E depois comemorar
Se aparecer tostão...
Senão, melhor dar no pira
Que ficar aqui pra olhar
Rico esnobando a sua lira
Fazendo pose de star.
É coisa pra muita azia
Melhor mesmo é se mandar...
Pensando bem vou ficar
Mas não vou pedir esmola
Também não vou me danar
Na miséria, já dei sola.
Também não vou tricotar
Nem usar uma pistola
Nem vou a faca esmurrar
Nem entrar na do cartola.
Vou mesmo é só bagunçar
Por areia na engrenagem
O angú, encaroçar
Por um fim na malandragem.
Por o bico no trombone
E o pé na contramão
Não vou mais ficar insone
Nem gastar o meu sabão.
Vou levar na esportiva
E viver com muito humor
Até que exploda uma ogiva
E não sobre um tradutor.