NUM PAU SÓ

Com a cabeça encharcada de manguassa,
quiz me ajudar, minha vizinha, teve dó...
-Hoje voce encheu a cara de cachaça...
-Bebi e vou beber,por que sinto me tão só...

Andando todo torto, e as vezes de gatinho,
fui rolando sobre uma plantação de giló,
mas dona Maricota deixou me lá sozinho,
por que comecei a chama la de seu Jacó...

Oh vida!Rachei na cabeça uma melancia,
fui xingando até a arma da minha avó,
se debatendo, mas do chão não saía,
acabei engolindo inteiro um alho poró.

Em fim, sai cambaleando na contra mão,
lembrando e sentindo saudade do xilindró,
caindo de novo, em cima de um leitão,
não senti pena, estava ainda num pau só.

Com a cabeça amortecida pela cana,
ranquei as penas de um galo carijó,
pensando ser as escamas da tabarana,
fugiu, quando ia dar em seu pescoço um nó.

Chapado, cabeça oca, aí nada funciona,
admirado, vi que mastigava o paletó,
tinha o saboroso gosto de uma azeitona,
por pouco não como,a gaiola do curió.

 

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 26/10/2011
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