Sangue Latrino

Pus o meu terno bonito, saí.

Fui a um aniversário.

Muita comida, demais eu comi.

Em doce de leite sempre me amarrava.

Um prato devorei.

Logo depois como é que eu peidava!

Era anormal e eu fui me assustando,

pois todos me sacavam.

Mas eu não prendia, seguia peidando.

Me indicaram o banheiro, eu corria

pra não ficar mais feio,

porém meu peido agora fedia.

Bato na porta, o banheiro tá cheio.

Eu volto pro salão.

Dor de barriga agora me veio.

Então pressinto que vou peidar mais.

Fiz tudo pra prender,

mas não consegui, era tarde demais.

E num instante, eu todo cagado

com todo mundo em volta,

como torcia pra ter desmaiado.

Mas logo pensei em qualquer solução,

porém não encontrei.

E o falatório, “Aqui tem um cagão”.

Então resolvi, vou ter que desmaiar.

E caí de fininho.

Mas não houve jeito do cheiro abrandar.

E aí me pegaram com todo o cuidado.

Eu fui pra latrina.

No terno, pensei, merda pra todo lado.

Pra evitar o vexame, fingi que dormia;

me puseram nuzinho

E me jogaram em cima água fria.

Muito malandro, eu não acordei.

Me levaram pra casa

e lá do desastre pra todos falei.

E minha mãe me explicou “é asneira

doce comer demais.

Quem assim faz sempre tem caganeira”.

Agora só vou à festa prevenido:

enteroviofórmio

pra caganeira.

Rio, 06/12/1973

(brincadeira com a música Sangue Latino,

gravada pelos Secos e Molhados)