SEM CANJA
Minha janta foi sem canja.
Osso duro de roer...
Alegria que se esbanja,
Estava em falta em meu viver.
Numa visita furada
Dei com a cara no muro...
Estava frio, voltei calada;
Mas meu amor, não censuro.
Fiz loucura, arrisquei...
Perdi meu tempo, por nada.
Fui afoita, não liguei...
Tornei vã a caminhada.
Vã de todo, não foi não!
Me exercitei na pernada.
Até fez bem pro coração
E acabei dando risada.
Doutra feita uma fornada,
Vou recolher, com fartura.
Sem osso e a canja aguada,
Vou me fartar com usura.
Claro com muita pilhéria,
Vou deixar tudo certinho.
Darei adeus pra miséria...
Dormirei no teu colinho.
ANJA PERALTA
Rir, ainda o melhor remédio
O figado vai desopilando
Nada em teu dia é tédio
Do desencontro debochando!
Isso eu chamo bom-humor
Me apraz sobremaneira
Mesmo quando dissabor
É banho de cachoeira!
Reconheço minha falta
A estrada era mais longa
O remorso me assalta
Fui pra Tonga da Mironga.
Então pra me redimir
Trouxe lembranças pra ti
Você já pode sorrir:
Te faço dona de mim!
ROMEO MONTECCHIO *