A SOPA DE PANDORA
A SOPA DE PANDORA
Três e meia da tarde.
Estou apressada!
Preparo uma sopa
Para a molecada.
Uma sopa gostosa
De restos guardados
No freezer. Há dias
Que estão congelados.
Qual a sopa de pedra
Que alguém contou
Um dia p'ra mim.
Quem provou, gostou!
Com gogós de frango,
Um pouco de legumes,
Arroz, macarrão...
Como é de costume.
Há um resto guardado
Cujo cheiro está bom,
Parecendo um preparo
À base de Sazon.
Acrescento à sopa
Que já está fervendo
Provo-a, em seguida.
Está boa! Só vendo.
Ponho o coentro, afinal,
O último ingrediente.
Desligo o fogão
E saio, de repente.
E, à noite, chegando
Com uma fome danada,
Tomo o resto da sopa
Após leve esquentada.
Está mesmo gostosa!
Mas... há algo estranho!
Está meio escura
E com alguns langanhos.
De repente!... lembro
Da cadela, coitada!
Que está faminta.
E fico gelada!
A sopa esquisita
Da qual nada sobrou,
E que todos tomaram
E ninguém estranhou...
Era a "gororoba"
Que eu fiz p'ra cadela:
A Pandóra "dançou"!
Sua sopa?! Já era!!
...
E sobrou p'ra mim...
Que ainda fui inventar
Uma nova comida
Para alimentar
A cachorra, coitada!
Pois que, da sopa, nada
Sobrou. Nem p'ra cheirar!
Rosa Regis
Natal/RN - 19/09/2005.