Amar como é?
"Não posso o amor cantar
Porque sei que não existe
Ainda que digam, dedo em riste
Que eu procure noutro lugar."
Dizia um contratado
Dessa tal de Petrobras.
Estava contrariado
E dizia ainda mais:
"Procurei pelo tal sujeito
Sobre terra, céus e mar
Vasculhei tantos lugar(sic)
Mas jamais fui satisfeito."
E concluía, contrafeito:
"Só sei que ele não 'tava
Nos lábios das namorada(sic)
Nem nos peitos das empregada(sic)
Que tentaram me iniciar."
Eu sorrio, todo matreiro
E olho pro meu umbigo
Com aquele meu empertigo
De quem tem o que falar.
Me diz, então, o amigo:
"Seu Nicola, tenha dó
Não venha me enrolar
O meu tempo é escasso
E o meu saco é de filó
Diga logo como faço
Para o amor encontrar."
Não me faço de rogado
E falo sem titubear:
"Amor assim não tem, Diogo
Você mesmo disse isso!
Controla aí esse teu fogo
E me deixe terminar."
"Esse amor que a gente fala
Que bota cama, mesa e banho
Que transa bem pra caramba
Que suporta sujeira e ranho
Esse aí não existe não."
"O que tem é amizade
Apoiada em dever sincero
Cultivada sem vaidade
Sem mentira nem lero-lero.
Verdadeira, de coração.
Por isso ela não se esconde
Não é essa a real questão.
Não é mais sou, é "somo"
Não é mais "procurar onde"
Mas sim "procurar como".
E diante do olhar espantado
Do amigo contratado
Resolvi arrematar:
"Esse Amor é mesmo raro
Pois não vicia nem explode
Nem morre nem se sacode
Pois é o puro e mais caro
Sentimento fraternal.
E você não ligue se ouvir
Que esse tal amor verdadeiro
É história pra boi dormir.
Eu já passei noite em claro
Pensando como é que pode
A gente amar de verdade
Usando chifre de bode."
PS: Resguardei a identidade
Do colega Zé Onofre
Mudando a sétima estrofe.
Espero que ninguém perceba!