A MINHA CIRURGIA...

AO DOUTOR CIRURGIÃO

DIGO DE FORMA DIRETA,

NÃO TENHO DOENÇA ALGUMA,

O ÚNICO MAL QUE ME AFETA

EU VI NA TOMOGRAFIA;

É O ACÚMULO DE POESIA

NA CABEÇA DO POETA.

PRA FAZER UMA DRENAGEM

TIVERAM QUE ME OPERAR,

E DURANTE A CIRURGIA

DE TANTO O MÉDICO DRENAR;

NAQUELE LUGAR NASCIA

MAIS UM PÉ DE POESIA

NA CABEÇA DE ADEMAR.

VEJAM O QUE ME RECEITARAM

PRA EU FAZER A CIRURGIA:

QUATORZE INJEÇÕES DE VERSOS

NO LUGAR DA ANESTESIA

E PRA NÃO SAIR DO CLIMA

TREZENTAS GOTAS DE RIMA

TRÊS VEZES DURANTE O DIA.

ACONTECEU UM FENÔMENO

NO CENTRO DE CIRURGIA.

QUANDO OPERARAM O POETA

QUE A MINHA CABEÇA ABRIA;

ANTES DE QUALQUER EXAME

ACONTECEU UM DERRAME...

DE VERSOS E DE POESIA.

DISSE O DOUTOR ABISMADO

OH! MEU DEUS QUE MARAVILHA,

JÁ ESTOU CONTAMINADO

SINTO EM MIM QUE O VERSO BRILHA;

E DEPOIS DA OPERAÇÃO

O GRANDE CIRURGIÃO

SAIU FAZENDO SEXTILHA.

O NEURO CIRURGIÃO

FALOU DE FORMA DIRETA:

MEDICINA É A PROFISSÃO

MAS POESIA É MINHA META

E DISSE, JÁ NO REPENTE:

– EU MESMO DAQUI PRA FRENTE

SÓ VOU OPERAR POETA!

Ademar Macedo
Enviado por Ademar Macedo em 15/08/2011
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