NECROLÓGIO

Dado o derradeiro instante

Doador serei, involuntário,

Aos vermes a carcaça errante

Inanimado irei solitário

Tão só, como jamais estive,

Sem escamotear a solidão

Figuras de retóricas obtive

Pobres rimas em lamentação

Cônscio ou lunático,

Em verdade desconfiava

Das alucinações, errático,

Do juízo que me escasseava

E, na confusão das gentes,

Tresloucadas como eu,

Cá passei entre indiferentes

Mais um , no necrológio, que morreu...