E ASSIM VAMOS CANTANDO E RINDO...
E ASSIM VAMOS CANTANDO E RINDO…
(TRÁGICO-CÓMICO)
Andavam vozes no ar
Em surdina ou a cantar
Que mostravam desespero
Num país, que ao acordar,
Moribundo e a agonizar
Descobrira o vil segredo.
Mentia o seu Governo,
Desde o chefe ao subalterno,
Com ousadia sagaz:
“Portugueses nada temam,
Não mudamos, não alterno,
Não há melhor, aliás”.
“É mentira, é invenção,
Direi mesmo aberração!
Eles só querem o Poder.
Não pedimos um tostão,
Nem peço a demissão
Serei eu a resolver.”
E o País a cair
Com o sangue a esvair
Recupera a sensatez.
Desse coma quer sair,
Começa a reflectir
E vota mais uma vez…
Desses votos nasce a esperança
De ver ao longe a bonança
(Por agora é só aperto)
E com fé na “aliança”
Renasceu a confiança
De poder ficar liberto.
A dívida é de milhões
Mesmo sem mais adições,
(Que por vezes está oculta,)
Esperemos que estes “barões”
Tenham as afinações
P'ra amainar a catadupa.
Resta agora ao Zé-povinho
Engolir, mas de mansinho,
O espaço temporal.
Que não fique cansadinho,
Depois de tanto bailinho,
E não veja o arraial…