CACOFONIA
Sempre escrevo contos
Nunca poesia
Nada que cause espanto
Apenas fantasia
Pensamentos andam tontos,
Tropeçando pela guia
Se teimo em rimá-los,
Se rebelam em folia
Não adianta castigá-los
Ficam sem fisionomia
O resultado da tragédia
É pura utopia
Não sai drama, não sai comédia
Apenas cacofonia
(Lina Marano - Santos, dezembro de 1999)
PS: Mudei para o Guarujá em julho de 2000 para trabalhar com meu querido e finado sogro José Joaquim do Monte. Seu José, como eu o chamava, era advogado, português de Póvoa do Varzim, e um apaixonado pela poesia. No dia em que o conheci, leu para mim inúmeras poesias de sua autoria, que deixaram a mim e a ele de olhos marejados. Na época eu escrevia cá meus artigos jurídicos, algumas estorinhas, e um dia ele me desafiou a fazer uma poesia. Eu disse que não tinha jeito, que poesia e eu não tínhamos nada a ver. De poesia eu sabia apenas recitar "À Carolina" de Machado de Assis. Decorei aos 9 anos por um outro desafio poético, quando disse a meu pai que eu jamais poderia decorar um poema. Mas isso já é outra estória. Bom, depois de muito queimar a pestana, foi esse versinho malandro que saiu, a que chamei de cacofonia. Seu José deu risada. Disse que eu podia fazer coisa melhor, que tinha que escrever sobre amor. Mandou publicar o meu versinho num jornal do Guarujá e não tocou mais não assunto. Faleceu em 2001, vítima de um câncer com o qual lutou galhardamente. Os médicos lhe deram três meses, ele viveu mais três anos. Fico imaginando o que ele acharia hoje dessa minha mania de não parar de falar de amor em forma de rima quase todo dia. Quem sabe um dia a gente se encontra, e eu é que leio as minhas poesias pra ele. Se ele se rir ou chorar, será um grande presente. Guraujá, 20/06/2011.
Sempre escrevo contos
Nunca poesia
Nada que cause espanto
Apenas fantasia
Pensamentos andam tontos,
Tropeçando pela guia
Se teimo em rimá-los,
Se rebelam em folia
Não adianta castigá-los
Ficam sem fisionomia
O resultado da tragédia
É pura utopia
Não sai drama, não sai comédia
Apenas cacofonia
(Lina Marano - Santos, dezembro de 1999)
PS: Mudei para o Guarujá em julho de 2000 para trabalhar com meu querido e finado sogro José Joaquim do Monte. Seu José, como eu o chamava, era advogado, português de Póvoa do Varzim, e um apaixonado pela poesia. No dia em que o conheci, leu para mim inúmeras poesias de sua autoria, que deixaram a mim e a ele de olhos marejados. Na época eu escrevia cá meus artigos jurídicos, algumas estorinhas, e um dia ele me desafiou a fazer uma poesia. Eu disse que não tinha jeito, que poesia e eu não tínhamos nada a ver. De poesia eu sabia apenas recitar "À Carolina" de Machado de Assis. Decorei aos 9 anos por um outro desafio poético, quando disse a meu pai que eu jamais poderia decorar um poema. Mas isso já é outra estória. Bom, depois de muito queimar a pestana, foi esse versinho malandro que saiu, a que chamei de cacofonia. Seu José deu risada. Disse que eu podia fazer coisa melhor, que tinha que escrever sobre amor. Mandou publicar o meu versinho num jornal do Guarujá e não tocou mais não assunto. Faleceu em 2001, vítima de um câncer com o qual lutou galhardamente. Os médicos lhe deram três meses, ele viveu mais três anos. Fico imaginando o que ele acharia hoje dessa minha mania de não parar de falar de amor em forma de rima quase todo dia. Quem sabe um dia a gente se encontra, e eu é que leio as minhas poesias pra ele. Se ele se rir ou chorar, será um grande presente. Guraujá, 20/06/2011.