Cerração e serração na serra

Irei partir.
Vou desta terra,
para outras terras.
Que sejam morros, serras...
Tentarei encerrar a dor.

E parti!
Cheguei a terras
entre serras com cavernas,
e com o desejo abdutor,
acirrando a guerra ao que me ferra,
à fera – o mal de amor.

À frente, na imensidão
e tendo cerrado a vista,
quase não vejo um cerro
envolto em cerração.

Virei-me, vendo mais terras,
também entre outras serras...
De onde o barulho era?

Concentrei-me, todo ouvidos:
era a serra de um serrador,
permeada de estampidos,
qual queima de munição.
Tom que deixava zumbidos,
com o som da serração.

Oh! que dor nos meus ouvidos!
Aquebrantado, divagado,
de olhos bem cerrados,
viajei para o Cerrado,
onde não se ouve o som da serra
de ferrenho serrador.

É que lá não há serras,
nem serra de serrador.
Há pequenas lenhas,
e pouco lenhador.

Planas são as terras,
o horizonte é um esplendor.
O som é o da terra,
de rios e pássaros de outras terras,
é tudo encantador.
Lá não enfrento a guerra,
travada por mal de amor.

Voltarei pra minha terra,
bem longe desta serra,
onde minha dor se encerra,
nos braços do meu amor.


Imagem: Eu, em 2002, na Chapada dos Guimarães - Estado do Mato Grosso.
AURISMAR MAZINHO MONTEIRO
Enviado por AURISMAR MAZINHO MONTEIRO em 25/05/2011
Reeditado em 30/06/2011
Código do texto: T2993171
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