Do outro lado do papel
Tenho uma natureza estranha.
Muita emoção sem muito drama.
Vejo íntimos se assombrarem com minha poesia.
Como brota doçura de grosseria?
É que meu pote sempre respinga
Mesmo se com gotas de seringa.
Sempre fui quente e criado assim
Ente fervente no que é bom e ruim.
É a poesia que me mostra saída e tratamento
Equilíbrio, temperança meu incompleto acabamento.
Não esperam muito de mim, só rigidez
E me olham como alguém que na fila fura a vez.
Como se me retirassem um véu.
Devem perguntar: quem mora do outro lado do papel?