Do outro lado do papel

Tenho uma natureza estranha.

Muita emoção sem muito drama.

Vejo íntimos se assombrarem com minha poesia.

Como brota doçura de grosseria?

É que meu pote sempre respinga

Mesmo se com gotas de seringa.

Sempre fui quente e criado assim

Ente fervente no que é bom e ruim.

É a poesia que me mostra saída e tratamento

Equilíbrio, temperança meu incompleto acabamento.

Não esperam muito de mim, só rigidez

E me olham como alguém que na fila fura a vez.

Como se me retirassem um véu.

Devem perguntar: quem mora do outro lado do papel?

Paulo Fernando Pinheiro
Enviado por Paulo Fernando Pinheiro em 28/04/2011
Código do texto: T2936978
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