RITORNELLO DAS HORAS
AO RITORNELLO DAS HORAS I
COROA DE SONETOS (Alô, Ponchielli!)
(maio de 2007)
CANTEI NA PRIMEIRA HORA
NA SEGUNDA TRABALHAVA
NA TERCEIRA SEM DEMORA
PELA QUARTA EU ESPERAVA
NA QUINTA HORA DORMI
NA SEXTA HORA SONHAVA
NA SÉTIMA LEMBREI DE TI
NA OITAVA JÁ LEVANTAVA
NA NONA TOMEI CAFÉ
NA DÉCIMA ME ATAREFAVA
NA UNDÉCIMA NOVOS ASPECTOS
PARA O MEIO-DIA ATÉ
NA REDAÇÃO ME LANÇAVA
DA COROA DE SONETOS
AO RITORNELLO DAS HORAS II
CANTEI NA PRIMEIRA HORA
PORQUE AMAVA TERNAMENTE
MINHA LIDA DIFERENTE
ESPANTOU-SE PELO EMBORA
NÃO SOUBESSE NESSE OUTRORA
SE DE FATO DOCEMENTE
ERA AMADO PELA GENTE
QUE EU AMAVA NESSA HORA
MESMO ASSIM ALEGRE ESTAVA
UM CATAVENTO ACENDIA
NO TEU ROSTO SÓ PENSAVA
TANTO QUE ME DIVIDIA
NUMA HORA SÓ POESIA
NA SEGUNDA TRABALHAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS III
NA SEGUNDA TRABALHAVA
INDA CHEIO DE ENTUSIASMO
NA ESPERANÇA EU VIA ORGASMO
POR MENOS QUE TE ENCONTRAVA
MESMO ASSIM EU CINTILAVA
INDA PRESO NO MEU PASMO
ARRANCADO DO MARASMO
SÓ POR TI ME DERRAMAVA
POIS EMBORA NA PRIMEIRA
TEUS AMORES DE RIQUEZA
NÃO ME DESSES NESSA HORA
SÓ FINGIAS SORRATEIRA
DARIAS TINHA CERTEZA
NA TERCEIRA SEM DEMORA
AO RITORNELLO DAS HORAS IV
NA TERCEIRA SEM DEMORA
SERIA MEU SENTIMENTO
MUITO MAIS DO QUE EXPERIMENTO
SENSAÇÃO QUE ME ALCANDORA
SERIA VERDE MOMENTO
ENTRE O VINHO DESSA HORA
ANTE A FACE QUE SE CORA
NO RUBOR LANÇADO AO VENTO
NESSE INSTANTE QUE SE VAZA
NA AMPULHETA A AREIA PINGA
JÁ NÃO SEI QUANDO CHEGAVA
NA CLEPSIDRA SE EMBASA
MAIS UMA HORA SE VINGA
PELA QUARTA EU ESPERAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS V
PELA QUARTA EU ESPERAVA
ESVAÍDA MINHA CONFIANÇA
NUNCA O PÊNDULO SE CANSA
MEU FUTURO CONTROLAVA
SOMENTE SEI QUE ESPERANÇA
NEM SUPONHO QUE ME DAVA
PALHA NOS DENTES PROVAVA
NO MOMENTO DA AGUARDANÇA
QUAL A AMPULHETA MEU VINHO
DA GARRAFA SE ESGOTOU
LOGO MAIS NADA SENTI
FOI-SE O SONHO DE AZEVINHO
O DESEJO SE EMBOTOU
NA QUINTA HORA DORMI
AO RITORNELLO DAS HORAS VI
NA QUINTA HORA DORMI
ENVOLVIDO EM NUVEM DENSA
EMPOEIRADO NA MINHA CRENÇA
RECUSADO NÃO POR TI
PORÉM PELA MASSA EXTENSA
DOS BEIJOS DO COLIBRI
TE SUSSURROU SOBRE MI
NA CALÚNIA MAIS INTENSA
QUE TINHA MÁS INTENÇÕES
CONTROLAR TE PRETENDIA
EM TUDO QUE TE FALAVA
DESFEITAS TAIS ILUSÕES
TODAVIA NÃO SOFRIA,
NA SEXTA HORA SONHAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS VII
NA SEXTA HORA SONHAVA
IMAGINAVA TEUS BRAÇOS
CONTEMPLAVA MEIGOS TRAÇOS
E TEU PERFUME BUSCAVA
NESSA AUSÊNCIA DOS ABRAÇOS
DE TUA BOCA AINDA BEIJAVA
SÓ O CÁLICE E ASPIRAVA
DE TEU ODOR TERNOS LAÇOS
NESSA ARMADILHA PRENDER
NAS GRADES DA REDOLÊNCIA
MENTE A ALMA E QUASE VI
O TEU ROSTO A ENRUBESCER
FOI-SE A SEXTA SEM PACIÊNCIA
NA SÉTIMA LEMBREI DE TI
AO RITORNELLO DAS HORAS VIII
NA SÉTIMA LEMBREI DE TI
COMO FAÇO A CADA DIA
COMO DO TEMPO EM QUE RIA
BUSQUEI ME ESQUECER ASSI
SEM CONSEGUIR MAIS ALI
DORMIR DE NOVO ESQUECIA
E ESQUECIDO REPETIA
TODO O TEMPO EM QUE TE VI
ESQUECER NÃO É NADA FÁCIL
QUANDO SE LEMBRA DE NOVO
O QUE ESQUECER SE BUSCAVA
NESSE ESQUECIMENTO INGRÁCIL
DA CAMA LOGO ME MOVO
NA OITAVA JÁ LEVANTAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS IX
NA OITAVA JÁ LEVANTAVA
BUSQUEI MAIS ATIVIDADES
DISTRAI-ME COM VAIDADES
À HIGIENE ME DEDICAVA
ESQUECI MINHAS SAUDADES
DO AMOR NÃO MAIS ME LEMBRAVA
DO RANCOR NÃO RECORDAVA
DE TANTAS DIFICULDADES
NÃO VI TEU ROSTO AO ESPELHO
VI O MEU EM DESAGRADO
VER O MEU ROSTO NÃO É
O DESEJO EM QUE ME ESGUELHO
POR NÃO TE VER A MEU LADO
NA NONA TOMEI CAFÉ
AO RITORNELLO DAS HORAS X
NA NONA TOMEI CAFÉ
TEUS DEDOS FORAM COLHER
É O AROMA DA MULHER
QUE RENOVA A POBRE FÉ
MESMO NÃO TENDO SEQUER
QUALQUER SUSPEITA DE RÉ
QUANDO O CORAÇÃO É A SÉ
APENAS QUER-LA RETER
SÓ O AMOR SUBJACENTE
PELA IMPOSSÍVEL EMPRESA
EM QUE TANTO ME EMPENHAVA
NESSE EFEITO SURPREENDENTE
POSSO JURAR COM CERTEZA
NA DÉCIMA ME ATAREFAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS XI
NA DÉCIMA ME ATAREFAVA
NESSA BUSCA DE ESCONDER
SOB A SOMBRA DO DEVER
O PRAZER QUE MAIS ANSIAVA
FICO ASSIM A DESFAZER
ESSA TEIA QUE BORDAVA
NOS MOMENTOS QUE SONHAVA
TUAS VEIAS ENTRETECER
NAS ARTÉRIAS DE MINH'ALMA
NOSSO SANGUE MISTURAR
NA PUREZA DOS AFETOS
RECUPERO ESTRANHA CALMA
REDUZINDO-ME A EXPLORAR
NA UNDÉCIMA NOVOS ASPECTOS
AO RITORNELLO DAS HORAS XII
NA UNDÉCIMA NOVOS ASPECTOS
JÁ SURGEM DIANTE DE MIM
NÃO É MAIS A VIDA ASSIM
EM SEUS MOMENTOS SECRETOS
QUE O DESEJO DOS INSETOS
POR UMA LUZ CARMESIM
TEREMOS O MESMO FIM
TEMOS IGUAIS OBJETOS
A VIDA É MEDITAÇÃO
MAIS QUE INSETOS TODAVIA
EM SEU ETERNO BALÉ
SENTIMOS NOVA EMOÇÃO
QUE CONSERVA A NOSTALGIA
PARA O MEIO-DIA ATÉ
AO RITORNELLO DAS HORAS XIII
PARA O MEIO-DIA ATÉ
JÁ SE CUMPREM DOZE HORAS
JÁ ULTRAPASSAMOS AURORAS
JÁ MASTIGAMOS A FÉ
JÁ REJEITAMOS PAGÉ
JÁ ESQUECEMOS OS OUTRORAS
JÁ LEVANTAMOS EMBORAS
MAS CONTINUAMOS EM PÉ
NA BÊNÇÃO E SACRIFÍCIO
DA GENTE QUE TRABALHAVA
DA GENTE QUE TINHA VÍCIO
JÁ NÃO MAIS NELES PENSAVA,
PARA BEM OU MALEFÍCIO
NA REDAÇÃO ME LANÇAVA
AO RITORNELLO DAS HORAS XIV
NA REDAÇÃO ME LANÇAVA
DA COTA DE MALHA AZUL
DA FELICIDADE EXPUL--
SO PARA O MAL QUE NÃO BUSCAVA
NA SINAFIA ESTE PÚL--
PITO A GARGANTA RESSECAVA
NÃO MAIS AMOR EU BUSCAVA
NEM SEQUER A TI EU CUL--
TUAVA LONGE DE MIM
NAS ONDAS VERDES DO EGOÍSMO
NO RUBOR DOS ESQUELETOS
TUDO ENFERRUJADO ASSIM
EXCETO ESTE MANEIRISMO
DA COROA DE SONETOS
AO RITORNELLO DAS HORAS XV
DA COROA DE SONETOS
EU BUSQUEI FECHO DOURADO
FIZ-ME À MUSA CONSAGRADO
EM SACRIFÍCIOS SECRETOS
TALVEZ UM DIA OS DEJETOS
DESTE AMOR AZINHAVRADO
DESTE IDEAL DESCOMPASSADO
SE TORNARÃO MAIS CONCRETOS
BEM SEI QUE NADA GANHEI
NA ESPERANÇA DOS MOMENTOS
NESSES INSTANTES DE OUTRORA
PORÉM NUNCA ESQUECEREI
QUE MESMO EM PRESSENTIMENTO
CANTEI NA PRIMEIRA HORA
AO RITORNELLO DAS HORAS XVI
(CANÇÃO DA COROA)
CANTEI NA PRIMEIRA HORA
NA SEGUNDA TRABALHAVA
NA TERCEIRA SEM DEMORA
PELA QUARTA EU ESPERAVA
NA QUINTA HORA DORMI
NA SEXTA HORA SONHAVA
NA SÉTIMA LEMBREI DE TI
NA OITAVA JÁ LEVANTAVA
NA NONA TOMEI CAFÉ
NA DÉCIMA ME ATAREFAVA
NA UNDÉCIMA NOVOS ASPECTOS
PARA O MEIO-DIA ATÉ
NA REDAÇÃO ME LANÇAVA
DA COROA DE SONETOS