A REBELIÃO
Os instrumentos se rebelaram no
Concerto
As vozes se calaram perplexas
Com o desalinho dos tons.
A corda da harpa quebrou-se na
Dissonância
E o sustenido fugiu da sonata
Para uma marcha de carnaval.
O inquérito complicou o bemol
Cúmplice
No caso da fuga, mudou de casa
E deixou as rugas com o saxtenor.
As primeiras notas saíram
Semitonadas
A batuta enganou o violino
Acabando um casamento de amor.
Ninguém se encontrava, a fuga
Foi geral
A viola casamenteira deixou o cravo
Solista e fez á pausa celebração.
O tom assumiu em ditadura o
Compasso
Entrou a tempo na anacrusa.
Amedrontada a nota se metamorfoseou.
O ritmo ludibriou a regência
Clássica
A bateria de penetra fez estrago
Nos ouvidos, expulsando a reflexão.
O piano solitário continua
Indiferente
Na maestria de um príncipe
Valente na guerra contra a difamação.
Depois da ira do regente,
Incontrolado
A batuta vuou em desespero
Foi o tempo para a afinação.
Harmonizados os instrumentos
O coro
Criou uma renitente briga
Com o repetitivo diapasão.
O soprano semitonava cada vez
Que repetia,
Os contraltos com os baixos
Erravam sempre a melodia.
Os tenores iam completando a
Situação,
Cantavam quais galos tontos
Como se vissem assombração.
O regente impaciente quebrou
A batuta
Nos dentes e para o coro
Bradou em grande fúria
Ou cantam certo agora, ou rogo a
Deus com fé,
Ajoelhado – do livro da vida
Será tirado o nome de quem desafinar.
Foi certeira a celebração
O coro
Cantou com tal afinação
Que os anjos gritaram – aleluia!
Todos deram glória, cantando
Alegremente
Vozes e instrumentos harmonizados
A louvar o Senhor da criação.