A REBELIÃO

Os instrumentos se rebelaram no

Concerto

As vozes se calaram perplexas

Com o desalinho dos tons.

A corda da harpa quebrou-se na

Dissonância

E o sustenido fugiu da sonata

Para uma marcha de carnaval.

O inquérito complicou o bemol

Cúmplice

No caso da fuga, mudou de casa

E deixou as rugas com o saxtenor.

As primeiras notas saíram

Semitonadas

A batuta enganou o violino

Acabando um casamento de amor.

Ninguém se encontrava, a fuga

Foi geral

A viola casamenteira deixou o cravo

Solista e fez á pausa celebração.

O tom assumiu em ditadura o

Compasso

Entrou a tempo na anacrusa.

Amedrontada a nota se metamorfoseou.

O ritmo ludibriou a regência

Clássica

A bateria de penetra fez estrago

Nos ouvidos, expulsando a reflexão.

O piano solitário continua

Indiferente

Na maestria de um príncipe

Valente na guerra contra a difamação.

Depois da ira do regente,

Incontrolado

A batuta vuou em desespero

Foi o tempo para a afinação.

Harmonizados os instrumentos

O coro

Criou uma renitente briga

Com o repetitivo diapasão.

O soprano semitonava cada vez

Que repetia,

Os contraltos com os baixos

Erravam sempre a melodia.

Os tenores iam completando a

Situação,

Cantavam quais galos tontos

Como se vissem assombração.

O regente impaciente quebrou

A batuta

Nos dentes e para o coro

Bradou em grande fúria

Ou cantam certo agora, ou rogo a

Deus com fé,

Ajoelhado – do livro da vida

Será tirado o nome de quem desafinar.

Foi certeira a celebração

O coro

Cantou com tal afinação

Que os anjos gritaram – aleluia!

Todos deram glória, cantando

Alegremente

Vozes e instrumentos harmonizados

A louvar o Senhor da criação.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 19/03/2011
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