CARCAÇA DE CORVINA


Disse me o muambeiro-Já curou faraó,
e remédio lá dos tempos de Jacó...
Respondi-Tenho certeza, veio da China...
Mas não é que o malhador me deu o nó?
Acabei trocando aquilo por um palitó,
esperava não ser veneno de chacina...

Eu, com aquele difrusso de dar dó,
olhei o remédio, parecendo com cipó,
será, que na minha doença faz faxina?
Tomei um treco desses, foi lá em Marajó,
acordei uma semana depois, em Maceió,
deitado na carcaça de uma corvina...

Bebi o chá, senti mais fraco que a bisavó,
mas fiquei esperto, pulando como um curió,
sentindo que arrepiava até minha crina.
Com a boca amargando como um giló,
perdi até a vontade de dançar o forró,
não demorou, arrumei briga na esquina.

Remédio forte, foi comichando o mocotó
deu até vontade de comer um pão de ló,
e sair voando, como ave de rapina...
Me roubaram, fiquei na rua de guarda pó,
e a gripe? Até que amanheci bem mió,
acordei cedo, lá na horta da Barbina...

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 28/02/2011
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