Poema com raiva
Tenho sete vidas como os gatos
Nem sei como as desperdiço
Um dia escorrego do telhado
Sou persistente, não aprendo
Sigo em frente, destemida
Mesmo cansada da vida
Lá vou abanando o rabo
E alheia a tanta maldade
Há quem me puxe o tapete
Como não sei usar as garras
Resvalo tanto que embato
De frente contra a parede
Já só tenho cinco vidas
E um Santo que me protege
O pior são as intrigas
Que se não matam, desgastam
E até me arrancam o pêlo
Vou ter de andar com cuidado
As quatro que ainda me restam
Requerem muito olho vivo
E um instinto apurado
Como todo o bom felino
Fui com muita sede ao pote
E ele estava envenenado
Com a morte anunciada
Restam-me agora três vidas
Veio a inveja e levou-ma
Agora só restam duas
Estou nas mãos da hipocrisia
E essa a ninguém poupa
Bateu-me à porta o ciúme
Que por ser tão doentio
Até me roubou o pio
Nunca mais soube miar
Já só me resta um fôlego
É agora que entra o Santo
Que por ser tão "Expedito"
Sei que até arranca o "pito"
A quem comigo mexer!