MALOGRO NO DIAGNÓSTICO
M A L O G R O N O D I A G N Ó S T I C O
Finge-se que não sente dor
Mas o pranto teima, e desmente
Não. Não é peste, tão pouco é intoxicação
Infere-se que seja uma leve enfermidade
Não é embolia pancreática
Repira-se lentamente, mas agoniado
Sorve a infusão de ervas
Espera-se o alento; mas padece-se
Viram que foi um tombo
Não foi desmaio, só uma vertigem
Estatelou o nariz no chão
Porque o abdômen intumescido?
Escoriações na sobrancelha direita
Uma rachadura no lábio inferior
Mas a dor é abaixo do peito
Apalpa-se acima do dorso
Uma dorzinha ranheta
A resposta não satisfaz
Simula um trejeito no rosto
Há sangue gotejando na botina
Botina amarela, de couro cru
Há movimentos no interior da barriga
A ventosidade gera inquietação
Com certeza tudo não passa de psicose
O desconforto intestinal é agoniante
Solicita-se vermífugo
Malogro no diagnóstico
Como conseqüência: diarréia
Se respirar mais forte dói
Por fim localizou o incômodo
Uma costela quebrada
(dezembro/1978)