Tia Benta
O fogão ainda é a lenha
Usa gás só no domingo
Nas receitas se empenha
Faz quitutes para o bingo
O telefone preso à parede
Não atende à emergência
Se quiser falar com a Neide
Telefonista pede paciência
Para votar, velho costume
Se orienta com o Coronel
Cabresto ainda é seu lume
Sem ele, ela vive ao léu
No verão, abana um leque
Bico de pena faz o cheque
Tudo ali é feito à mão
Só ela usa mata-borrão
No domingo tem coreto
Tem o footing lá na praça
Aconteceu em ano bissexto
Para ele, ela deixou a traça
Foi um noivado tão pudico
Como se fosse em Calcutá
Nunca houve um fuxico
Como nasceu, ela ainda está
Para manter seu casamento
Ela a ele fez um juramento
Se em dez anos for exemplar
Jura que a ele vai se entregar