Tia Benta

O fogão ainda é a lenha

Usa gás só no domingo

Nas receitas se empenha

Faz quitutes para o bingo

O telefone preso à parede

Não atende à emergência

Se quiser falar com a Neide

Telefonista pede paciência

Para votar, velho costume

Se orienta com o Coronel

Cabresto ainda é seu lume

Sem ele, ela vive ao léu

No verão, abana um leque

Bico de pena faz o cheque

Tudo ali é feito à mão

Só ela usa mata-borrão

No domingo tem coreto

Tem o footing lá na praça

Aconteceu em ano bissexto

Para ele, ela deixou a traça

Foi um noivado tão pudico

Como se fosse em Calcutá

Nunca houve um fuxico

Como nasceu, ela ainda está

Para manter seu casamento

Ela a ele fez um juramento

Se em dez anos for exemplar

Jura que a ele vai se entregar

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 21/01/2011
Código do texto: T2743068
Classificação de conteúdo: seguro