GERTRUDA JOSEFINA
Fui noivo de uma menina
Com um nome estranho e raro:
- A Gertruda Josefina,
Baiana de Santo Amaro.
Era filha de imigrantes
Vindos da velha Alemanha;
Em bebê não teve manha,
E nem depois e nem antes.
Quando a conheci, Gertruda
Namorava um ‘Zé Ruela’;
Desde então foi minha ‘Tuda’
E eu fui tudo pra ela.
Desde que a gente se ama
Gertruda nunca se atrasa
E vamos logo pra cama
Que é pra chegar cedo em casa.
Conheci muitas mulheres,
Mas nenhuma tão disposta;
Gertruda era mesa posta
E para muitos talheres.
Num dia em que acordou cedo,
Falou com seu jeito errado:
“ – Às vezes eu tenho medo
Que ‘cê’ me ponha de lado,
Como se deixa um brinquedo!”
Disse muito me querer:
“ – E você não quer ‘me ter’
De aliança no dedo?”
“- Você quer um compromisso;
Pois bem, está combinado!”
E tão logo eu disse isso,
Dei-lhe um anel de noivado.
Mas todos erram na vida
E Gertruda errou também:
Nunca foi moça contida
Nem pra mim, nem pra ninguém.
Vejam só o que ela fez:
Com inflamação na bexiga,
Deu-me o golpe da barriga
Dizendo ser gravidez.
Nessa noite no seu quarto
Eu pus fim no nosso amor.
Disse-lhe: “- Basta; estou farto
E hoje eu parto, sem dor!”