GERTRUDA JOSEFINA

Fui noivo de uma menina

Com um nome estranho e raro:

- A Gertruda Josefina,

Baiana de Santo Amaro.

Era filha de imigrantes

Vindos da velha Alemanha;

Em bebê não teve manha,

E nem depois e nem antes.

Quando a conheci, Gertruda

Namorava um ‘Zé Ruela’;

Desde então foi minha ‘Tuda’

E eu fui tudo pra ela.

Desde que a gente se ama

Gertruda nunca se atrasa

E vamos logo pra cama

Que é pra chegar cedo em casa.

Conheci muitas mulheres,

Mas nenhuma tão disposta;

Gertruda era mesa posta

E para muitos talheres.

Num dia em que acordou cedo,

Falou com seu jeito errado:

“ – Às vezes eu tenho medo

Que ‘cê’ me ponha de lado,

Como se deixa um brinquedo!”

Disse muito me querer:

“ – E você não quer ‘me ter’

De aliança no dedo?”

“- Você quer um compromisso;

Pois bem, está combinado!”

E tão logo eu disse isso,

Dei-lhe um anel de noivado.

Mas todos erram na vida

E Gertruda errou também:

Nunca foi moça contida

Nem pra mim, nem pra ninguém.

Vejam só o que ela fez:

Com inflamação na bexiga,

Deu-me o golpe da barriga

Dizendo ser gravidez.

Nessa noite no seu quarto

Eu pus fim no nosso amor.

Disse-lhe: “- Basta; estou farto

E hoje eu parto, sem dor!”

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 07/01/2011
Código do texto: T2714500
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