O ASSASSINO DA POESIA (4)



O assassino da poesia
É o ser da boemia.
Vive acordado à noite
E dorme durante o dia.

Vive atrás de freguesia
Entre os colegas de sina...

Fingindo capacidade
No seu traço de escritor,
Fecha os bares da cidade,
Entre o coma e o estupor...

Escrevendo em guardanapos
Clichês sem sentido e chavões,
Acabava lavando pratos,
Entre frases e borrões...

Tudo para pagar a cerveja
Que, pensa ele, inspirou
A compor a tal cantiga
Que a noite inteira ensaiou.

O assassino da poesia
Perde todos os limites,
E insiste na sua escrita
Matando a batata frita,
Fria, que sobrou lá no fundo
Da fritadeira do último bar.

Enfim, vindo a luz do dia
À visão lhe ofuscar,
Por obrigatória defesa,
Precisou seus olhos fechar.

E sonha existir beleza
Na cantiga em som de sino,
A mentira da falsa alegria
Da poesia do assassino.

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José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 14/10/2006
Código do texto: T264068
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