O ASSASSINO DA POESIA ( 3 )
Escrever sempre foi arte,
Faz parte das coisas inteiras
Que necessitam clareza.
A arte depende do corte,
A incerteza, o obscuro,
E o prolixo,
São obrigatório descarte.
O assassino da poesia
Causa a morte da pureza,
A perda da realeza,
Qualidade do bom poeta.
Por ter duvidosa destreza,
Traz o escrito
Travestido na heresia,
Que corrói o que é sensível
Até causar a anestesia
Para o que for verossímil.
Apresenta seu falso relato,
Desnutrido e anêmico,
Como se fora arsênico
O seu diário tempero,
Ao prato acrescentado.
O assassino da poesia
Não é primário no crime,
Tudo faz como se fosse filme...
Age sorrateiro,
Traidor matreiro.
Premeditava, criminoso,
Dia a dia, lentamente,
Outro crime horroroso,
O poema delinqüente.
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