Coisas surreais
Já vi dar pérolas a porcos
Cuido que é um desperdício
A vida é mesmo um hospício
Onde os vivos parecem mortos
A mim já nada me espanta
Tenho um olhar surreal
Se já nada levo a mal
Também já nada me encanta
Um porco de bicicleta
Não deixa de ser um suíno
Com estatuto de atleta
Já não há coisas banais
Já nada me surpreende
Sei que sou bota de elástico
Intransigente, por vezes
Venho de um tempo obsoleto
Não me encaixo, não me adapto
Vivo num saco de plástico
Reciclado muitas vezes…
O que podia ser um poema
São só coisas surreais