Dantes

Antigamente, bem antigamente

O guaraná era com rolha,

Ninguém escovava os dentes.

Tempo de pouca escolha.

O Mané foi para a cidade,

Comprou uma escova de dente.

Já com quarenta anos de idade

No meio do mato queria ser gente.

Escova ninguém conhecia.

Ele mostrava para todo mundo.

Ria e se exibia,

Morava naquele fundo.

Entrava nas bodegas,

A escova enfiada no bolsinho.

Mostrava a escova e não sossegava,

Tomando uma cachacinha.

Um dia tomou um porre federal,

Ficou devendo uma cachaçada.

Acreditam que este animal

Deixou a escova empenhada.

Para o bodegueiro

Isto foi um afronto.

Mané sem dinheiro,

O resto nem te conto.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 01/10/2010
Código do texto: T2532456