Dantes
Antigamente, bem antigamente
O guaraná era com rolha,
Ninguém escovava os dentes.
Tempo de pouca escolha.
O Mané foi para a cidade,
Comprou uma escova de dente.
Já com quarenta anos de idade
No meio do mato queria ser gente.
Escova ninguém conhecia.
Ele mostrava para todo mundo.
Ria e se exibia,
Morava naquele fundo.
Entrava nas bodegas,
A escova enfiada no bolsinho.
Mostrava a escova e não sossegava,
Tomando uma cachacinha.
Um dia tomou um porre federal,
Ficou devendo uma cachaçada.
Acreditam que este animal
Deixou a escova empenhada.
Para o bodegueiro
Isto foi um afronto.
Mané sem dinheiro,
O resto nem te conto.