"Entre o Céu e o Inferno" - Ou "A Escolha do Senador"
Morreu de repente o político
Quando ninguém esperava
Não sabiam quanto era crítico
O estado em que se encontrava
Estava em casa só, e absorto
Curtindo seu uísque importado
E, pá, ao chão ele caiu morto
Prontinho para ser enterrado
E a sua alma ao céu logo subiu
Mas foi barrada lá na Portaria
Onde o bom São Pedro sorriu
- Senhor Senador, bom dia
Como vai meu amado Brasil?
- Bem, obrigado, meu Santo
Então, posso entrar no céu?
- Depende de você, adianto
Não o deixarei andar ao léu
Agora não depende da alma
Nem do quanto tenha pecado
Você é que decide, com calma
Onde lhe será mais apropriado
No céu passeie um dia inteiro
Depois passe outro no inferno
Escolha o segundo ou primeiro
Seja ele qual for, será eterno
O político passeou pelo céu
Viu só paz, sossego, felicidade
Lindas jovens cobertas com véu
Músicas suaves e tranqüilidade
No outro dia desceu ao inferno
Viu só luxo, conforto, mordomia
Carros importados, uísque bom
Ar condicionado e cama macia
Moças lindas, lindamente nuas
Desfilando sempre sorridentes
-Olhe, seremos nós todas suas
Venha ver como somos quentes
Encantado, o senador foi ao céu
Comunicar a São Pedro a decisão
-Na volta eu vou dar o maior créu
Aqui, em tudo que é mulherão!!!
-São Pedro, eu optei pelo inferno
- Só você pode decidir, senador
Não há volta, o negócio é eterno
Respeito a escolha, seja qual for
Para o inferno o político desceu
E já na portaria inalou podridão
-Putz, o que foi que aconteceu?
O que é essa gritaria, esse fogão?
Essa gente sendo toda espetada?
As moças bonitas que eu vi aqui?
Toda essa gente sendo torturada
Não foi nada disso que antes eu vi...
O Diabo veio de um lugar remoto
Disposto a lhe dar a explicação:
-Antes nós queríamos o seu voto
Agora, senador, ganhamos a “eleição”...