CHURRASCO (EC)
Beber, se empaturrar...
Dia de churrasquinho.
Na laje tinha pagode
Querendo, era só chegar
Todo mundo convidado
Parente, amigo, vizinho
Criançada, até cunhado
Cada um traz o que pode
Veio Mané da Padaria
Cerveja no engradado
Seu Oshiro da peixaria
Garantiu o pescado
Maria voltou da missa
Com um quilo de lingüiça
Prá completar o rango
Tonico trouxe o frango
Cachaça ia descendo
Barriga escapando
Animação crescendo
Confusão se armando
Dora, filha do feirante
Empolgada pelo funk
Desencostou do tanque
Arrancou o tamanco
Subiu toda insinuante
Foi dançar no banco
Usando pouco traje
Provocava o pecado
Joãozinho da garage
Grudou olho na menina
Toinho meio chapado
Defendendo a concubina
Sentou tapa no mecânico
Rápido fez-se o pânico
Voou salada da comadre
Derrubaram o aperitivo
Virou caixa de espetinho
No meio do burburinho
Beata no colo do padre
Passivo agarrou ativo
Completando o salseiro
Papagaio caiu do poleiro
Gato miou do cantinho
Fugiu o passarinho
Pombas voando do muro
A turma do “deixa disso”
Controlou a situação
Com dois de olho escuro
Trocando palavrão
Acharam que era hora
Foi todo mundo embora.
Ver o jogo do Timão
Coitada da dona Tereza
Que cuidou da limpeza
Achou de tudo pelo chão
Camiseta, cílio postiço,
Peruca, dentadura,
Maionese e verdura.
Em pedaços sob a pia
Metade da melancia
Uns pares de sandália
Fio dental, uma navalha,
Patuá, uma piranha
A muleta do Manquinho
Ficou pelo caminho.
Bem no meio do carvão
Bom pedaço de picanha.
Pensou Tereza: Que fazer?
Comer ou não comer?
Eis a questão!
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