Manhã carioca
Uma média não muito quente meu senhor!
Tenho pressa, porque ainda tenho que pegar o bonde,
ler o jornal com as notícias dessa manhã, buscando o labor,
sacudir a preguiça da noite mal dormida no Hotel Conde!
Mais um cafézinho sil vous plâit pra não perder a elegância,
pão de queijo de acompanhamento me lembraria os poemas de Drummond,
o sol se esconde entre as nuvens na esquina da Dona Constância,
e ainda tenho que pegar uma encomenda na livraria do Leblon!
Eis que lá vai passeando com o poodle o seu Doutor,
da minha angústia no peito dia e noite quem sabe ele avia uma receita,
afinal remédio pra curar tristeza só um bom amor,
e nesta cidade de praia e gente bonita, Deus podia me dar uma ajudinha para encontrar a minha eleita!
Eita que já vai lá pra mais das nove horas e estou aqui de conversa,
parece que não tenho que ir ao banco enfrentar fila e reclamação,
por isso me desculpe fazer como cachorro magro e ir nessa,
mas preciso pagar luz, água e o carnê do fogão!
Dia quente, manhã corrida, vou me embora antes que tarde,
manda a conta seu Zé Baixinho que amanhã eu volto,
fique com o troco desse café da manhã com tanto alarde,
ainda tenho que abastecer no posto 30 a minha moto!