PÉ NA JACA
Conheci uma garota,
no inicio era uma graça
mas o tempo foi passando
e o tom dela é de ameaça,
só conversa na pedrada,
vai dizendo: vem pra ver
o que lhe vai acontecer.
Ai meu Deus, que desgraça,
foi com ela que eu casei,
foi vacilo, dei mancada.
Agora eu tenho que ficar
Com uma trena nas palavras,
pra não arrumar confusão,
de outro modo, já vem ela
com as pedras na mão,
parece até uma cilada.
Tem um corpo de sereia,
mas a cabeça é de bagre,
quando der na minha “teia”
vou-me embora e digo Deus lhe pague.
Já tentei uma terapia, mandinga e reza ,
não houve quem desse jeito,
eu como bom sujeito,
faço só o que não lhe enfeza.
Entretanto, minha gente,
também fico amolado,
um desânimo, falta de sono, e apetite,
o meu “vento tá virado”.
Eu preciso de uma ajudinha,
de um santo, de um amigo,
um consolo avalizado,
minha casa não é minha,
se alguém me der abrigo,
eu divido meu ganhame,
cozinho, lavo passo,
sangue, fezes, urina,
qualquer exame eu faço
mas por favor me chame
me tire dessa enrascada.
Inspirado na música Incompatibilidade de Gênios, de João Bosco