Sete palmos debaixo do chão
Já o chão se abria preparado para o receber o defunto
aceitava a morte de braços abertos
foi preciso fechá-los para os meter no caixão
Acabaram-se as dores de toda uma vida
preferível era a solidão da morte
à falta de lágrimas que advogassem o seu préstimo
foi encomendado o serviço às carpideiras locais
- Ah coitado! coitadinho! - Toma lá um lençinho (dizia a amiga)
Vai fazer tanta falta à sua pobre família!
E ria-se a viúva por debaixo do véu
Aproximando-se do coveiro perguntou
só naquela como quem não quer a coisa:
- São só 7 palmos debaixo da terra?
Não podem ser 8?
Não vá o diabo tecê-las e esta noite ainda me bata à porta!
- Ah coitado! Coitadinho Vai fazer tanta falta à sua pobre família!
O quadro fica completo. Vem o padre e dá-lhe a extrema unção.