BRIGA  ETERNA

Para fugir do seu ciume
vou morar numa caverna,
apago a luz do vagalume
tiro as pilhas da lanterna.

Vivo sentindo o azedume
de sua brigaiada eterna,
ou vou pescar um cardume
ou encho a cara na taberna.

Quando me chama de estrume
dói me até a parte externa,
por que não tenho o costume
nunca fui urso que hiberna.

Não á homem que aprume
estou no fundo da cisterna,
senão quer meu perfume
vá no hospício e se interna.

Não á Cristo que arrume
mesmo que torcendo a perna,
esse buraco no tapume
que minha vida só inferna.

Nem que cachorro me istume
vou é pedir a avó materna,
que me afaste desse cortume
despachando ela pra Berna.

Ou o papel de casada assume
não me chamando de palerma,
ou vai sentir o ardume
quando ver me com Guilherma.
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 28/04/2010
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