AZAR DE CANGULEIRO

O delegado está me considerando um réu,
é mentira, pois nunca assaltei um posto Shell,
acontece que esse doutor e demais marrudo.
Não devia prender me aqui nesse chiqueiro
não pode fazer isso com um cara canguleiro
mas ele disse que adora bandido graúdo.

Aqui sem nada, como vou escrever um cordel?
Fora a falta que sentirei de um sarapatel,
desses itens, são coisas que nunca desgrudo.
O homem falou que sou um navio cargueiro
que retirou dessa cidade mais um bagunceiro
que em matéria de farra, nunca fui um miúdo.

Ele está pensando que sou um Guilherme Tell
mas nunca tive, nenhuma patente de coronel, 
ele sabe sim, que sempre fui cara peitudo.
Que de seu time, nunca serei o zagueiro
sou briguento , mas nunca quebrei candieiro,
cabra safado, na minha frente fica mudo.

Quem é que vai lá para retirar meu espinhel?
E pensar que vai estragar a massa do pastel,
culpa minha, quem mandou ser tão papudo?
E agora? Já me chamaram de carniceiro
já contaram pra ele que sou feiticeiro
já ouvi ele gritando, _Esse cabra não ajudo.

Estou pensando, vou rezar para São Rafael
embora ainda devo promessas a Santa Isabel,
pago depois, se não ficar moído no cascudo.
Estou aqui sozinho, mas cadê meu parceiro?
Sumiu.Deve estar em cima de algum puleiro.
Lá vem o homem.Vou fingir que sou mudo.
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 19/04/2010
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