O Rei Dos Animais
O REI DOS ANIMAIS
Uma pessoa que conheço diz
Que a raça humana é meio pinel
Já aquele pintor desenha mulheres
Em tom realista, meio pastel
Alguns dizem que é machismo
Outros apenas sorriem da ideia
Melhor sorrir da dita noção
Que ser dela, percepção, fraco
Minha Santa Madalena
Protetora do bairro chic
Fazei-me morar nos Jardins
Que a Rita Lee suspendeu
Que será do futuro
Dessa cidade de carne
Nessa potência à Viagra
No berço e túmulo da ambição
Dessa multidão de broacas ?
Que nas margens do Rio de Janeiro
Cresceu os grandes lábios
Nas favelas do PCC
Para onde irá o velho sozinho
Fugir em direção à margem florestal
Satanizar-se em lobo bom, lobo mal?
Aonde a criança no velho
E a juventude em bandos e pares
A imaginar que sua idade
Tem todo tempo do mundo
A geração precedente
Plantou em sua mente
A maldição de gênero
A obscuridade do futuro
O jovem pensa ser jovem
E acredita estar indo
Para onde o tempo rola:
Passado que o vento levou
Quanta ansiedade pelo futuro
Investir na colonização de Marte
E fechar as portas da cidadania
Para os do movimento sem-terra
Sem educação, sem saúde, sem lar
A lógica da humanidade:
Fazer macaco virar gente
Fazer gente virar macaco
Que pra tanto só precisa
Se espelhar no Jô Soares
Cada coisa que você faz
Um motivo a mais pra amar.
E malamar, desamar o lar de
Ra, Rama. Lama. Mala.
Ralar mal o mar do alarme.
Que Alá dos Santos nos proteja
Na falta de outro larbirinto
Esses versos adâmicos realçar.