HOJE NÃO MATEI A FOME A UM EX-MINISTRO
Já foi ministro e a sua palavra foi lei;
Fez discursos, apareceu na televisão
E muitas outras coisas que nem eu sei,
Mas caiu em desgraça e agora clama pão!...
Apareceu aqui na aldeia aos caídos
A lamentar a sua falta de sorte…
O seu fato e gravata pareciam saídos
Dos lendários palácios da corte.
E no entanto era um mero pedinte
Sem carro, sem fortuna, sem nome…
E aqui este pobre contribuinte
É que tinha de lhe matar a fome?!...
Mas esta memória não se esquece
Que o ministro agora já sem pasta,
Não tem senão aquilo que merece,
Que eu bem sei o que a casa gasta!...
“Gosta de peixe frito de um dia pró outro”?
Perguntei ante o cheiro apelativo no ar…
“Adoro, bom senhor”! Respondeu o maroto…
“Volte amanhã, que está agora a fritar”!
05-02-2010, AdolFo Dias