BBB - Central de Desocupados
BBB - Central de Desocupados
Um amigo me repassou um e-mail com as trovas do cordelista* Antonio Barreto, de Santa Bárbara - BA, sobre o Programa Big Brother Brasil, da Rede Globo (que acho uma coisa inexplicável e sem sentido, dentro da respeitável grade de programação da emissora).
Não tenho nenhuma intimidade com trova e cordel, mas aproveitei a oportunidade para falar dessa central de fuleiragem televisa, nos termos abaixo, a título de gozação. Espero que gostem:
"BBB - Central de Desocupados
Concordo com o poeta
e avaliso o que ele escreveu
na sala da minha casa
é Big Brother ou sou eu
pego o controle remoto
e a mulher já protesta
sabe que vou mudar de canal
procurando ver o que presta
Fico sozinho ali na sala
vendo alguma coisa diferente
a mulher se manda pro quarto
resmungando descontente
mas certamente liga a tv
pra ver Bial e um bando de malas
se fosse dormir não podia
com o barulho daquela latumia
"1984", de Huxley, é um livro
que fala de um futuro temerário
as liberdades do povo tomadas
por um estado autoritário
já o tal do Big Brother Brasil
não passa de uma idiotia
luxuosa estrebaria preparada
para exibição de pessoas vazias
Os truques frasísticos de Bial
- que alega até ser até poeta
só servem para me espantar mais
que despedício de talento
elogiar a um bando de patetas
com frases cheias de efeito
- enrolação perfeita para enfeitar
tipos inúteis, da cabeça de vento!
Algum amigo me pergunta
se não vejo ali algo interessante
respondo de um jeito meio distante
que vejo sim, mas posso esperar
até que vá para as bancas, revistas
com tudo que as BBBs tem a mostrar
- não me censurem pela sinceridade
ou são elas intelectuais, ensaistas?
"É um estudo de psicologia aplicado
ver o comportamento de confinados"
diz o apresentador sorridente
se é o caso vou a uma fazenda
(e isto não é alusão ao concorrente)
ver como se comporta ali o gado
tratado a capim, ração e sementes
preso entre currais, cercas e limites
Era um adolescente quando lia
o finado Paulo Francis que dizia
que muita gente boa aceitaria
ser reduzido à condição de escravo
desde que não precisasse pensar
pelejar pela vida ou liberdade
(à qual muitos não dão centavo!)
Tese provada no BBB, sem pestanejar
O sofá é meu reino e domínio
o controle remoto é meu cetro
no reino dos telespectadores
tenho minha própria lei e abc
por questão de gosto e direito
dispenso escrutínio e decreto:
dê um tempo Bial, fora exibicionistas
e passe reto e distante o tal de BBB!
Me despeço e agradeço a leitura
salve o Brasil, a cultura e a sabedoria
que ela ocupe nossas mentes
e nossas mentes se ocupe do Brasil
façamos cada um nossa parte
mais educação, diversão sadia e arte
fazendo gente mais versada e inteligente
- e viva o cordel, o poeta e a poesia!
* O fantástico texto do cordelista ao qual me refiro, está postado aqui - licença, hein poeta?
BIG BROTHER BRASIL
Autor: Antonio Barreto,
cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual..
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.