URUBU
Crocita por um corpo
Clama teu defunto
Chama o presunto
Reclama teu cadáver
Come a carne a carniça
Sem outra cobiça
Negrume alado
De olfato aguçado
Chega antes dos vermes
Faz teu banquete
Putrefato e decomposto
Come com gosto
Sem crença
E impede a proliferação
De tanta doença
Ponto preto no céu azul
De norte a sul
Na altura
A procura...
Mas agora
Paira uma hora
Na corrente
De ar quente
Depois da ceia
Barriga cheia
Sonha que é um falcão
Ou gavião
E não percebe
Que tua sina
É uma turbina
De avião !