Velório de campanha

Para alguns uma cena estranha,

Algo um tanto inusitado,

Um velório de campanha,

E, é claro com um morto ali, sendo velado...

Para os viventes servem canha,

Um churrasco vai sendo assado,

Sem pressa, bem na manha,

A gauchada vai beliscando em memória do finado...

O gaiteiro vai dedilhando a botoneira,

Numa melodia bem chorada,

Uns no canto vão falando besteira,

Enchendo a cara e dando risada...

As beatas agarradas no caixão

Vão pedindo graças e aleluia

Outros numa roda de chimarrão

Contando causos e passando a cuia...

O padre deixou escapar um surdinho

Enquanto cochilava sentado,

Uns culparam o vizinho,

Outros acharam que o defunto já estava estragado...

E então, já altas horas da madrugada

A mulher inconsolável ainda chorava,

Um gambá de bombacha rasgada

Se aprochega e pede a palavra:

- Finado Dionísio, nosso grande amigo “Didi”,

Vai pro céu bem tranqüilo...

Que da viúva eu cuido pra ti!

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andré diefenbach
Enviado por andré diefenbach em 28/11/2009
Código do texto: T1948189
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