Dedicada ao Povão

Vou construir a poesia típica

Daquelas que o povo gosta

Começo pelas palavras mais ditas:

Amor, Drama, Coração e Saudade

Durante milhões de anos

Maior repetição da história

O homem busca nos versos

Exprimir a sua glória

Parece que os sentimentos

Não mudam com o tempo

Gerações a gerações

Mesmo intento

É uma repetição maluca

Vai tempo

Vem tempo

E todo aquele momento

Dedicado à mesmice do coração

Desde os primórdios da espécie

Parece conspiração

O coração devanesce

Na mais pura emoção

E os versos vão surgindo

É o coração se exprimindo

No devaneio vou curtindo

Uma paixão projetada

No teclado vejo as letras

Brancas sobre o preto

Espero que revelem

Uma frase pra montar

O cursor fica piscando

Me hipnotisa, some e aparece

Assim como difere

A realidade da ficção

Me asseguro que seja fácil

Versejar para o povão

Qual palavra serve certo

Pra encaixar neste refrão

A primeira, com certeza

É amor sendo seguida

Da palavra tristeza

Poi se ela não é correspondida

Fica no drama a beleza

Um desamor cantado

Ilude a si o poeta

Que acha que o seu verso trará?

Autoengano cíclico...

No fim é um enorme ciclo

Amor adido

Amor perdido

Montanhas de poemas

Pra dizer

Tudo aquilo

que já foi dito.

Amor, Amizade, Coração... Meu vírus vital!

Amor temporal

O tempo,trindade absoluta...

passado

presente

futuro

Duas realidades

Uma ficção.

Meus olhos

Presenciam,

Transformam,

Num instante...

Fragmentos do futuro

Em imagens do passado

O futuro, presunção humana

Guarda o imaginário

O passado, sem escolha

Só lembranças

O presente, testemunho

Contraria a imaginação

Por um segundo

Transforma um sonho

Em decepção

O presente, inexistente

Máquina do tempo

Registrador infame

Goza do autor dos sonhos

Grava rapidamente

No banco dos tolos

A prova...

Ah, se houvesse um botão

No presente pra pausar

Quantas pausas eu daria

Gozar...Gozar...

Gozaria