Beirando os 40

Uma tarde de sexta-feira

Comum, como todas as outras.

A idade, beirando os 40.

Da vida, as amarras soltas.

Dores pelo corpo

Sentia ser diferente

Prenúncio evasivo

Pânico presente

A televisão havia avisado

A tensão não é válvula de escape

E se o corpo declina

Eis a hora do check-up

Não havia mais tempo

O medo anuncia-se

A cólera está no semblante

O desespero confundia-se

Eu que me julgava forte

Pedi aos berros ajuda

Temia a morte

-Deus me acuda.

Já havia recorrido à farmácia

Tudo sem efeito

No meu olhar despedido

Sentenciava, não tem jeito.

Mas mãe, não entrega os pontos.

Tudo acaba, menos seu filho tem fim.

Curandeirismo caseiro

Boldo, hortelã e alecrim.

A aflição tomou conta

A resposta não foi positiva

O mal-estar fulminante

O hospital, única alternativa

Desmaios, gritos e correria.

Atendimento de emergência

Só escutava vozes

Vultos e pouca consciência

Injeções, exames, enfermaria.

Aos poucos, fui me acalmando

A família inquieta

Só no pior pensando.

Liberada a aproximação dos parentes

E chega com diagnóstico o Doutor

E aos atônitos, falou:

-Fiquem tranquilos, é só côcô!

Jonas Barros
Enviado por Jonas Barros em 08/10/2009
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