Casamento por acaso
CASAMENTO POR ACASO.
Vou lhes contar um caso,
Que não muito por acaso,
Resultou no causo
Que veio se casar
O Zé Mane com Nazaré
Numa noite feia e chuvosa,
Nosso personagem Zé
Foi dormi naquela noite
Na casa do “corone”.
Que por acaso é muito bravo
E já havia matado
pra muiii...ito mais de dez.
Cansado da lida do dia,
O Zé lavou seus pés,
Pediu a benção ao padrinho
Entrou no quarto escuro
Deitando numa cama larga
A única coisa que ele queria,
Era dormir sossegado.
Zé entrou no quarto enganado,
Visto que o quarto pra ele reservado,
Era o quarto ao lado,
Da horrível Nazaré,
Que também sem nenhum acaso
Era a enteada do temido “Corone”.
Nazaré enfeitou-se, como de costume,
Com sua camisola roxa, com bolinhas vermelhas.
Disputava com a desgraça,
Qual das duas era mais feia
Foi se deita, sem mais remelexo.
O quarto estava escuro como breu.
Encontrou em sua cama, um corpo quente,
Que ela desconhecia, mais e daí?
Pensou ela...
_Tá quente é gente.
Beata, invicta, com mais de cinqüenta
Não se assustou, muito pelo contrário,
Alegrou-se com o que poderia ser um caso,
Que talvez por um acaso
Realizaria um sonho frustrado,
De seu longínquo passado.
Aconchegou-se devagarzinho.
Foi chegando de mansinho
Pra não assustar a presa.
Zé Mane pobre-coitado
Sentindo-se agarrado,
Não desperdiçou o momento...
Ele nunca tinha ficado
Com um bicho tão quente e encapetado.
Não imaginava
Que aquele caso, lhe renderia
Um pesadelo excomungado.
Depois do ato, já consumado.
Curioso e saciado,
Nosso Zé acendeu uma candeia
Queria por reparo
Em sua princesa encantada,
Que o havia transformado
Em um homem consumado
De repente... Misericórdia!
Grita o Zé;
Que susto! que tristeza!
Aquilo e que era a sua prenda:
Dois dentão cariados,
Um de cada lado.
O cabelo espetado,
Parecia um feche de graveto,
Mal-amarrado.
Esta tal de Nazaré.
De tanto fumar cachimbo
Tinha um bafo condenado,
Cheirava e até parecia
Um assombração defumado
Tal foi o susto do Zé,
Que tremia da cabeça aos pés
Ele não conseguia,
Nem mesmo ficar de pé.
Tentou gritar,
Mas não saiu nem um ruído,
Suas pernas mais pareciam,
Com um macarrão cozinhado.
Aproveitando a paralisia
Do inativo Zé,
A feia Nazaré não cedia
Queria, e muito mais queria
Ser amada da cabeça ao pé
Aprumo pra riba dele
Gritava, agarrava o infeliz,
Feito um peão derrotado.
Queria, mais como queria!
Que ele pedisse bis.
E foi aí que o bicho pegou.
Ao ouvir o grito indefinido,
Será de prazer ou de castigo
O padrasto e padrinho “Corone”,
Pegou a sua espingarda,
Foi andando devagarzinho
Até chega à cova,
Ou melhor, ao quarto
Daquele infeliz anjinho
.
Com a arma apontada,
Com o olho arregalado
Risca o fósforo o coronel
Acendendo o lampião.
Ficou espantado,
Com tal e absurda situação.
_Meu Deus do Céu!
– Grita o coronel –Virgem Maria,
Me ajude!
Que pouca vergonha danada!
Vim salvar a pobrezinha de minha afilhada Nazaré
Mais, quem está mesmo apurado,
É o meu afilhado Zé!
O coitado, na cama deitado,
Com a boca escancarada
Olho arregalado, paralisado,
Num estado lastimável.
-“Arriégua” – esbraveja o “Corone”
– Cruz-credo, que coisa mais feia!
Já não sei o que é mais feio
Se é ver Nazaré pelada,
Ou meu afilhado neste estado,
Todo cagado,
Com a língua pra fora
E olhos arregalados!
_Quando tudo se passou,
O “Corone”, malvado,
Repousando na rede deitado.
O casamento do Zé com a Nazaré,
Com a velha cartucheira, fora apadrinhado,
O maquiavélico “Corone”
Deu uma longa gargalhada
E disse a sua velha amada:
_Meu feito,
Foi mostra ao meu afilhado,
O quarto errado.
Deu certo minha velha,
Cumpri o meu prometido
O caso e o acaso, casualmente planejado
Eu caso ou não caso,
Ainda que não foi muito por acaso,
Eu consegui casar
A encalhada da sua filha!!!
-Tonho Tavares-