Velório - uma vela à hipocrisia !

Quanto fingimento num só velório

Num só dia tanto falatório

Num só momento tanto invento

Com o mesmo defunto tanto assunto

De repente, ficou bonzinho

"Coitadinho! Tão "direitinho"...

Pura ironia...Até ontem lá na fofoca

Era rueiro, vida torta

Tarado, desnaturado...

Outra, também, diz asneira

Completando a outra besteira

"Meu Deus, morreu tão cedo

Sempre teve tanto apego

Ao filho pequenininho

Veja lá, a tristeza,

no rosto do enjeitadinho"

Coitadinho e triste, que nada

O garotinho lá na calçada

Bate bola pra lá e pra cá

Depois dorme a sono solto

Tranqüilinho no sofá

O colega de copo aparece

Diz que na vida ninguém merece

Perder um amigo assim

Voz pastosa, incoerente

Já nem sabe bem o que diz

"Sujeitinho infeliz

bem que podia ter pago

O que devia pra mim"

Um "PUM" rompe o silêncio

Anunciando o novo dia

No velório, alguém flatulento

Quebrando a monotonia

Cheiro ruim, na aspiração

Dedos, em riste, na acusação

-Foi esse!

-Não foi!

-Foi cachorro!

-Não tem!

-Foi você!

-Nem vem!

O próprio autor da proeza

Pede por gentileza

que encerrem tal assunto

Mas, alguém, ainda cochicha

-"SERÁ QUE FOI O DEFUNTO"??????

Zuca
Enviado por Zuca em 21/06/2006
Reeditado em 10/07/2016
Código do texto: T179759
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